quarta-feira, 3 de março de 2010

ENTREVISTA COM COORDENADOR DA COPA EM NATAL

Fernando Fernandes fala sobre o legado
que o Mundial pode deixar após 2014,
principalmente sobre as obras estrutu-
rantes na prepração da cidade como
aeroportos, VLP (Veículo Leve sobre
Trilhos), turismo e incentivo aos clubes
de futebol do estado.

Como está a preparação de Natal para a Copa de 2014?
Nosso trabalho começou em setembro de 2008, sempre com foco nos prazos fornecidos pela Fifa (Federação Internacional de Futebol). Nosso primeiro compromisso foi a entrega dos projetos, em janeiro. Agora, estamos providenciando a entrega do processo licitatório para as obras do Complexo Arena das Dunas e a licença ambiental. Em julho de 2009, tivemos uma reunião com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Fifa. No início de agosto, nos reunimos com o Ministério do Esporte para discutir nosso projeto administrativo/financeiro com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Nosso foco agora é encontrar uma saída jurídica perfeita para começar a licitação da Arena das Dunas.

E o pós-Copa?
Estamos, sim, pensando no legado para a cidade depois de 2014. Registramos 105 projetos que deixariam Natal e a Grande Natal em condições de receber o evento. Esse trabalho fará com que a região tenha um sistema de transporte urbano melhor, um aeroporto maior, um sistema de acesso ao estádio, um plano diretor de trânsito, além de ganhos na área de saúde e segurança.

O Comitê Executivo para a Copa em Natal continua dividido entre prefeitura e governo?
Não, entre prefeitura e governo do estado há um perfeito entendimento. Continuo na condução do Comitê e será criada uma empresa responsável pelo leilão das áreas do bairro de Lagoa Nova. Essa empresa também contratará a construtora da Arena das Dunas.

Técnicos afirmaram que a área escolhida não tem condições de absorver o projeto do Complexo Arena das Dunas. Esse tipo de discussão pode tirar a Copa de Natal?
Natal, com certeza, não perderá a Copa. Só perderemos a Copa se não buscarmos os parceiros para a construção da Arena das Dunas. Confio nas informações passadas pela equipe técnica de arquitetura e engenharia, que nos diz que é perfeitamente possível construir naquela área. Os projetos para a liberação das licenças já estão em análise. Até que provem o contrário, não há nenhum impedimento.

O que determinam os estudos?
Os estudos de viabilidade econômica mostram, por exemplo, a quantidade de hotéis que a área pode absorver, se o shopping terá 50 mil ou 200 mil metros quadrados. É um estudo de mercado.

E quando ficará pronto esse estudo?
O estudo de pré-viabilidade já foi feito, o que dá provas de que existe mercado para isso. Agora, falta a definição do número exato de edifícios que serão construídos na área do Centro Administrativo. Isso quem dirá é o mercado na hora em que fizermos o leilão. Até o final do ano teremos esse número fechado.

Dentro das obras estruturantes da cidade, o Aeroporto de São Gonçalo ficará pronto até a Copa de 2014? Ele está dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)?
Sim, está no PAC. Há um compromisso do BNDES de entregar o edital da modelagem do aeroporto até o final de setembro. Nele se definirá se vai ser uma concessão ou uma PPP (Parceria Público-Privada). O encerramento do processo licitatório está previsto para fevereiro ou março do próximo ano, se não houver questionamento jurídico. A empresa vencedora terá dois anos para iniciar as operações do aeroporto que, na primeira fase, terá capacidade para cinco milhões de passageiros. Até a conclusão das obras - são dez anos de implantação - o aeroporto deverá receber 40 milhões de passageiros. O governo federal já gastou entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões no início das obras, com terraplenagem, construção da pista principal e construção do pátio para as aeronaves.

O governo e as prefeituras de Natal e São Gonçalo também injetarão recursos?
O investimento é do governo federal e da iniciativa privada. O estado e a prefeitura entram apenas com obras estruturantes, garantindo acesso ao aeroporto, energia elétrica, comunicações etc.

O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) será implantado em Natal?
O que definirá o modelo de transporte - se será trem, ônibus, metrô ou VLT - é o estudo de viabilidade econômica. Muitos dizem que o VLT é caro, mas acho que não, porque já temos uma linha de trem em Natal e na Grande Natal. Seria necessária apenas a construção de estações mais modernas, além de novos comboios. Não há necessidade de escavações ou obras no centro da cidade para viabilizar o VLT. Teremos transporte público bem melhor até 2014, não tenha dúvida.

Há algum projeto para intensificar o turismo no interior do Estado, aproveitando a Copa?
Desde sua primeira gestão, a governadora Wilma de Faria tem manifestado interesse em interiorizar o turismo. Alguns polos foram criados, como o da Costa Branca e do Seridó. Neste ano instalamos o Polo Serrano, na região de Martins e Pau dos Ferros. Até o final de setembro esperamos instalar o Polo Agreste-Trairí. O objetivo da preparação desses Polos é desconcentrar o turismo de Natal e Pipa. A Copa é um grande momento de mostrar o interior do nosso estado. Dentro das linhas da Secretaria de Turismo, com recursos do Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo), daremos a esses municípios condições de acessibilidade, folheteria promocional, qualificação profissional. Além disso, montaremos pacotes especiais durante a Copa.

Em sua opinião, o futebol do RN pode ganhar novo alento com a Copa?
Em cidades que recebem uma Copa do Mundo ou Olimpíada, geralmente há um crescimento grande do esporte nos quatro anos precedentes até cinco anos depois do evento. Trabalhamos com uma perspectiva de 10% a 15% de crescimento. E isso tanto em melhoria dos clubes locais quanto em público médio, que atualmente é de seis ou sete mil por jogo.

Em relação ao histórico de corrupção do poder público brasileiro, o senhor acredita que possa haver superfaturamento na Copa de 2014 como houve nos Jogos Pan-americanos de 2007?
Eu acho que não. O Brasil é um país maduro. Nós vivemos uma estabilidade econômica, em que é fácil mensurar o valor de uma obra. As classes política e empresarial evoluíram, estão mais responsáveis, pensam mais no país. Além disso, não há necessidade de ganhar dinheiro de forma desonesta. A Copa cria muitas oportunidades para os empresários. O Brasil vai promover uma grande Copa.

Em termos de capacitação de pessoal, o que está sendo feito?
Definimos 10 sub-grupos em várias áreas: meio ambiente, saúde, educação, técnica, segurança, transporte, comunicação. Enfim, cada um trabalhará, a partir do próximo ano, focado na definição dos projetos de suas respectivas áreas e na capacitação de pessoal. Este último aspecto é obviamente uma das prioridades para que possamos receber bem os turistas que virão a Natal.

Que mensagem o senhor deixaria para os que não acreditam na Copa em Natal?
Eu peço que Deus dê a eles um pouco mais de vida para que possam ver o projeto pronto.

Entrevista realizada por George Fernandes (fonte: www.copa2014.org.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário